Picape Ranger – Desde os primórdios, as picapes da Ford são conhecidas pelos brasileiros por uma característica muito marcante: a grande resistência. É verdade que antes esse atributo era mais relacionado com a parte física, ou seja, a capacidade que os veículos têm de suportar buraqueira por anos a fio e com motores de longa vida útil. Mas com as mudanças que a montadora implantou em sua atuação no Brasil, com fechamento de fábricas e trazendo só unidades importadas, a picape Ranger, modelo mais importante da marca em sua categoria, revelou que sua resistência também pode ser associada ao poder de se manter no mercado e driblar a desconfiança dos consumidores em relação ao perigo de ter um veículo que não é produzido no Brasil e precisa trazer de fora suas peças de reposição. Tudo bem que ela vem da Argentina, país vizinho com o qual o Brasil tem vários acordos comerciais. Mas a verdade é que essa relação entre as duas nações sul-americanas está sempre com o risco de rupturas – agora, por exemplo, a Argentina tem um presidente de extrema direita que declarou abertamente sua antipatia pelo Mercosul.
Voltando à Ranger, suas principais concorrentes, a Chevrolet S10 e a Toyota Hilux, são produzidas no Brasil. Mesmo assim, ela segue firme no ranking das picapes mais vendidas, em seu segmento, e com números expressivos. Vale lembrar que nós até falamos sobre isso, recentemente. No ranking da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), ela aparece na terceira posição, atrás apenas dos modelos citados acima. E à frente de pesos pesados como Mitsubishi L200 e Nissan Frontier.
Picape Ranger tem disputa acirrada com a Hilux
No Ceará, segundo maior mercado do Nordeste, no segmento de picapes grandes (o primeiro é Salvador), os números são ainda mais favoráveis para a Ranger. De acordo com a Crasa, única concessionária autorizada da Ford que permaneceu ativa depois que a multinacional fechou suas fábricas no Brasil, a Em 2023, “a nova geração da Ford Ranger 2024 desbancou a tradicional líder de mercado, a Toyota Hilux. Com um total de 44 picapes emplacadas no mês de outubro, contra 31 da concorrente Toyota, a Ford Crasa conquistou um share total (entre varejo e vendas diretas) de 38,60%, enquanto a Hilux ficou com 27,19%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A Ranger foi líder em 46 praças no Brasil, atingindo o share recorde nacional de 23%”.
Vale ressaltar, no Estado, um ponto a favor da confiabilidade da Ranger. A Crasa tem 58 anos de atuação no mercado e está atendendo desde os tempos em que só existiam carros de quatro montadoras grandes no Brasil, sendo a Ford uma delas (as outras eram Volkswagen, Fiat e Chevrolet).
Em janeiro de 2024, até o dia 16, a liderança estava com a Ranger, também segundo os dados da Fenabrave. Foram 15 unidades do modelo da Ford contra 11 da picape japonesa. Se essa disputa acirrada vai continuar, o tempo dirá. Mas é certo que os novos modelos de negócios, com economias globalizadas, melhorias de logística e países integrando suas transações, talvez a palavra “importado” vá gradativamente deixando de assustar muitos consumidores. Só precisávamos de um dólar um pouco menos caro, para que a festa dos brasileiros apaixonados por automóveis fosse mais democrática. Afina, quem não quer um modelo produzido segundo padrões de qualidade reconhecidos mundialmente, como os que a Ford está trazendo para cá?