Kardian – A Renault comemorou a marca de 50 mil unidades produzidas do SUV compacto Kardian no Brasil, pouco mais de um ano após o produto estrear no nosso mercado. O veículo é o primeiro com a nova identidade visual da montadora e inaugurou uma fase diferente da sua trajetória por aqui, na qual ela abandonou os “irmãos” Logan (um sedan), e o Sandero (um hatch). Esses últimos já foram muito bem sucedidos e gozam de boa reputação até hoje, porque são originários da Dacia, empresa romena que pertence à Renault e faz carros mais adaptados à dura realidade das estradas brasileiras.
Mas com a quase obsessão dos consumidores daqui por SUVs, a empresa resolveu seguir a tendência de outras concorrentes, investindo nos chamados “produtos de maior valor agregado”. Aqui, isso significa modelos cujo preço inicial, nas versões mais básicas, fica em torno de 110 mil reais. O Kardian, portanto, é um produto ligado à Renault e não à Dacia. Ele traz o motor turbo TCe, já usado na Europa e também pela Nissan, com a qual a Renault divide vários componentes em seus carros. Com 3 cilindros, 1.0 turbo e 125 cavalos, o motor já é antenado com o “downsizing”, estratégia das montadoras para fazer sistemas de propulsão pequenos, econômicos e potentes.
“Alcançar esse marco de 50 mil Kardian produzidos no Brasil é algo de grande orgulho para todos nós da Renault, em especial para todos os colaboradores que atuam na Curitiba Veículos de Passeio (CVP), onde o SUV é fabricado. É uma grande conquista para nós!”, comemora Carlos Carrinho, diretor de fabricação da Renault do Brasil. Desde o lançamento do Kardian, em março de 2024, 67% do total produzido foi destinado para o mercado interno. Do volume exportado (33%), para nove países, a Argentina foi o maior destino, com mais de 8 mil carros.
Câmbio do Kardian é automatizado com dupla embreagem
Segundo a Renault, a versão Evolution, com transmissão automática EDC, foi a mais comercializada. Esse câmbio, em pesquisa que fizemos na internet, aparece envolvido em algumas polêmicas, porque na verdade não é um automático puro. É um automatizado com dupla embreagem, sistema que pode ser muito eficiente, mas tem uma manutenção que exige mais cuidado. Resta saber se os consumidores, ao longo do tempo, vão querer um componente como esse em um SUV compacto, que não tem como público-alvo os mais endinheirados. Mas vale ressaltar que há também disponível versão com câmbio manual de seis marchas. A questão é saber se alguém ainda quer um SUV com esse tipo de câmbio.
O Kardian traz a nova plataforma RGMP (Renault Group Modular Platform). A Renault diz que ele “se diferencia pelas inovações e recursos normalmente encontrados no segmento superior, como o freio de estacionamento eletrônico, a alavanca de marchas do tipo “e-shifter” e as regulagens do sistema Multi-Sense que permitem customizar a condução e o ambient lighting, com personalização com oito cores diferentes, além das regulagens do sistema de direção e da resposta do conjunto motor/câmbio”. Além disso, ele traz seis airbags de série em todas as versões e, como opcionais, 13 sistemas de assistência ao motorista (ADAS).
Fizemos uma pesquisa no site da Federação Nacional de Revendedores de Veículos (Fenabrave) e consultamos as vendas do Kardian desde o seu lançamento. Em sua evolução ao longo dos meses, ele foi crescendo a participação no mercado, mas tem se mantido na 14ª posição ou abaixo dela. Isso é um bom resultado? Pela comemoração da Renault, parece que sim. Considerando que a versão mais comercializada foi a Evolution, que custa a partir de R$ 121.990,00, pode fazer sentido.
Para os consumidores, fica o conselho de observar bem o que dizem as pessoas que já têm o carro, antes de tomar a decisão por um. A Renault é uma empresa com tradição no que se refere à robustez dos seus modelos, mas um recurso tecnológico sofisticado como o câmbio automatizado EDC em um carro para consumidores de SUV compacto merece, no mínimo, um pouco de atenção de como vai ser o custo de manutenção.