De acordo com a multinacional alemã Basf, ela fornece tintas automotivas para praticamente todas as grandes montadoras – “cerca de 50% de todos os carros produzidos no mundo e aproximadamente 75% dos produzidos na Europa têm alguma camada de tinta fornecida pela Basf”, diz a empresa. No Brasil, ela afirma que seus produtos estão nos modelos de marcas que estão entre as mais conhecidas do mercado nacional, como Volkswagen, Stellantis, General Motors e BMW.
Com base nesse cacife da empresa, Auto Blog 8.5 a procurou para saber curiosidades sobre as tintas automotivas e as principais diferenças que elas têm em relação às usadas em outros segmentos – como a construção civil, por exemplo. É fato que a parede interna de uma casa sofre muito menos exposição do que um automóvel, já que este último recebe por anos a fio uma grande carga de fatores como raios solares, variações de temperatura, chuva e produtos químicos usados em lavagens e polimentos. Na prática, então, como se dá o processo de pintura em um carro?
“Quando se fala em tintas automotivas, se fala em alta tecnologia. Trata-se de um produto muito sofisticado, onde poucas empresas no mundo têm capacidade de fornecer”. A afirmação é do diretor de tintas automotivas da Basf para a América do Sul, Marcos Fernandes. Ele explica que diferentemente de outras aplicações, nas quais uma ou duas demãos já são suficientes para cobrir a superfície, um veículo tem sua carroceria pintada, usualmente, com 5 camadas diferentes.
Na primeira, a carroceria do veículo passa por um pré-tratamento por imersão para limpeza e preparação, para receber as camadas de tintas. A seguir, essa carroceria é imersa em um tanque para pintura em um processo chamado “e-coat”. Nele, uma carga elétrica faz com que a tinta seja depositada uniformemente na superfície. “Esta camada é muito importante, pois é ela que dá a proteção contra a oxidação (ferrugem)”, afirma Marcos.
O próximo passo é uma sucessão de pinturas feitas com robôs na qual é aplicado o “primer” (lê-se “práimer”), que garante a proteção contra impactos (batidas de pedras, por exemplo) e prepara a superfície para as próximas etapas. Depois disso vem a camada base, que traz a cor e efeitos como o metálico e o perolizado. Por fim, o veículo recebe a última camada que é o verniz. É ele que dá o brilho e a proteção final da pintura. O verniz, vale ressaltar, é a camada desgastada quando o carro passa por um polimento mais rigoroso como o cristalizado. Por isso, inclusive, que há limites para esse tipo de polimento.
Durabilidade é característica principal das tintas automotivas
Para se ter ideia do nível de resistência que tintas automotivas precisam apresentar, as cinco camadas sobrepostas, segundo Marcos, “têm uma espessura de aproximadamente um décimo de milímetro, ou seja, mais finas que um fio de cabelo”. E elas precisam suportar, por anos, todas as intempéries às quais o veículo é exposto diariamente (radiação solar, batidas de pedras, chuva de granizo, excremento de pássaros, exposição a elementos ásperos, dentre outras).
Diante desses desafios, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento resultam em produtos pensados para aumentar a resistência. Um exemplo é o verniz iGloss, da Basf. A tecnologia usa uma química que combina materiais que apresentam muita elasticidade com nanoclusters semelhantes a vidros que têm alta resistência a arranhões. Essa combinação permite que o iGloss repare pequenos arranhões por meio de “refluxo instantâneo”, no qual o verniz se recupera de pressões externas de forma análoga às cerdas de uma escova. O processo permite que o verniz recupere até 90% da deformação causada por um arranhão.
Para quem quiser mais informações sobre o tema, recomendamos o site (conteúdo em inglês) da divisão de tintas da Basf: www.basf-coatings.com/global/en.html