Antes da eletrônica dominar o universo dos carros, praticamente tudo que envolvia o funcionamento dos componentes era mecânico. Tanto que para ligar o motor, antes da invenção do motor de arranque, o condutor precisava girar uma manivela que fazia o processo de combustão começar. E nessa época, portanto, não existia a ignição como conhecemos hoje, em que na maioria dos modelos uma chave é colocada para girar e dar início a todo o processo.
Enquanto o automóvel foi inventado no fim da década de 1880, a chave só veio aproximadamente 30 anos depois. E mesmo assim, ela era usada apenas para bloquear os circuitos elétricos do veículo. Os motoristas ainda precisavam acionar o motor na mão. Só com o motor de arranque, que chegou por volta de 1912, ela passou a ser usada também para ligar o veículo. Desde então, esse componente vem evoluindo gradativamente, a ponto de hoje, em alguns modelos, ser apenas um circuito que bloqueia ou desbloqueia o sistema elétrico do carro via conexão sem fio.
Mas até chegar a esse estágio, a chave passou por várias mudanças. Os primeiros modelos, na fase em que ela acionava o motor de arranque, eram mais ou menos como os de uma fechadura de porta doméstica. Através de uma sequência de reentrâncias, ela era capaz de entrar no dispositivo de ignição e girá-lo. Pela simplicidade, esse tipo de chave era bem fácil de copiar, bastava levar para um chaveiro e em poucos minutos ela estava pronta.
O passo seguinte foi o uso de uma mesma chave tanto para abrir as fechaduras das portas quanto fazer o giro da ignição. Mas uma grande revolução, mesmo, veio com a chave codificada. À medida que crescia a ousadia de ladrões, a indústria foi desenvolvendo meios para aumentar a segurança. Criada nos anos 1990, ela vem com um chip interno que se comunica com o sistema do veículo. Por isso, mesmo que seja feita uma cópia da parte física da chave, se ela não tiver o código para liberar a ignição, o carro não vai funcionar.
Chave hoje pode ser cartão e até aplicativo no celular
A evolução da eletrônica trouxe inúmeros recursos para as chaves automotivas. Tanto que algumas passaram a ser apenas presenciais (em formato parecido com as convencionais ou até como um cartão): basta o condutor estar perto do carro com o componente, que sensores acusam essa proximidade e liberam portas e ignição. Esta última, inclusive, pode ser feita apenas acionando um botão.
Tanta tecnologia, obviamente, tem um custo. Enquanto chaves mais antigas podem ser copiadas por qualquer chaveiro e a custo relativamente baixo (menos de 100 reais), há chaves e cartões cuja troca pode chegar perto de R$ 1.000,00. Além disso, a cópia dos modelos mais complexos só pode ser feita por chaveiros habilitados. E o preço do serviço, dependendo do componente, também pode ser bem pesado.
O estágio mais evoluído das chaves, atualmente, é através de um aplicativo no smartphone. A chave digital pode ser usada em modelos da chinesa BYD, por exemplo. Nesse caso, a vantagem é que o proprietário não vai ter o gasto com o componente, caso precise de uma cópia: basta baixar o programa da fábrica e colocar no celular, seja Android ou iPhone.