O futuro da eletrificação automotiva no mundo, ainda às voltas com desafios relacionados a tempo de recarga e extração de minérios para as baterias, por exemplo, é uma incógnita. Mas é fato que nos países desenvolvidos as grandes empresas seguem investindo para aprimorar seus produtos. Dois casos recentes na Alemanha dão conta do que está sendo feito para tornar o uso de veículos 100% elétricos mais próximo da realidade de muitos consumidores.
No primeiro caso, o BMW Group inaugurou, na Alemanha, a sua segunda linha de produção de módulos para baterias. Os produtos serão direcionados ao i4, modelo totalmente elétrico fabricado naquele país. A expansão ocorre um ano depois da primeira linha de produção iniciar seu funcionamento. Segundo a empresa, a medida faz parte de sua estratégia de que até 2030 os carros elétricos respondam por, pelo menos, a metade das vendas.
Vale ressaltar que a BMW está tão adiantada, nesse esforço de eletrificação, que esse ano decidiu descontinuar o i3, seu primeiro modelo 100% elétrico, para que ele dê lugar a novas gerações de modelos mais modernos. Segundo a montadora, para se preparar para o aumento constante que ela prevê na demanda por veículos eletrificados, a fabricação de baterias “se tornará ainda mais extensa e flexível. Outro marco importante será a produção do sucessor do Mini Countryman, que deverá sair das linhas de produção a partir de 2023. O modelo crossover estará disponível com motores de combustão e tração totalmente elétrica”, diz a empresa.
A estratégia rumo à eletrificação automotiva, vale ressaltar, é global. As baterias e seus componentes para os veículos eletrificados das marcas BMW e Mini (que também pertence à marca alemã) são fabricados em instalações nas cidades de Dingolfing, Leipzig e Regensburg (Alemanha), Spartanburg (Estados Unidos), Shenyang (China) e Rayong (Tailândia). Além disso, em Munique o BMW Group opera um centro de desenvolvimento de células de baterias, para aprimorar seus produtos. Na Alemanha, a gama de modelos elétricos da BMW já é considerável. São sete opções: i4, i4 M50, i7, iX1, iX3, iX e iX M60. Os preços vão de 55 mil a 135.500 euros (em reais, algo entre 300 mil e 720 mil reais).
Porsche e a eletrificação automotiva: o bom desempenho do Taycan
Outro exemplo importante, em eletrificação automotiva, do país europeu vem da Porsche, outra gigante alemã do setor automotivo. A empresa celebrou a performance do Taycan Turbo S, superesportivo elétrico cuja fabricação começou em julho último. Equipado com um recurso que a empresa chama de “kit de performance”, formado por rodas de 21 polegadas, pneus com composto ao dos pneus de corrida e uma atualização do software que analisa e sincroniza todos os sistemas do chassi em tempo real, o modelo registrou tempo de volta de 7 minutos e 33 segundos no circuito de Nürburgring.
Para se ter ideia da importância do feito, esse tempo é muito próximo do que é obtido, no circuito, por carros da Fórmula 1. “No passado, somente carros super esportivos de pedigree atingiam a faixa de 7:33, afirma o piloto de desenvolvimento da Porsche, Lars Kern. “Com o novo kit de performance, consegui exigir ainda mais do carro. Ele estava ainda mais preciso e respondeu com agilidade”.
O Turbo S é uma das versões top de linha do Taycan (ao todo são 14 versões: Taycan, 4 Cross, Sport Turismo, 4S, 4S Cross Turismo, 4S Sport Turismo, GTS, GTS Sport Turismo, Turbo, Turbo Cross Turismo, Turbo Sport Turismo e Turbo S e Turbo S Sport Turismo) e assim como todos os “irmãos” tem números impressionantes, em termos de desempenho, principalmente no universo da eletrificação automotiva. Com motor de mais de 750 cavalos, ele acelera de 0 a 100 km por hora em 2,8 segundos e é capaz de rodar quase 600 km, dentro da cidade, com uma única carga de bateria.
A versão com o “kit de performance”, segundo a montadora, vai poder ser guiada por qualquer consumidor que queira pagar a bagatela de 13.377,32 euros (mais ou menos 72 mil reais). Mas o valor, vamos combinar, não é muito se for considerado o “precinho” do Taycan Turbo S, que é de pouco menos de um R$ 1 milhão.