Citroën C3 – País onde o carro, historicamente, é mais um símbolo de status do que um meio de transporte, o Brasil padece de um mal no mercado automotivo: a esmagadora maioria dos consumidores sonha em ter um SUV na sua garagem. Muitos preferem, aliás, um modelo desse tipo mais velho (e consequentemente com manutenção mais cara) do que um modelo mais novo de um hatch ou uma perua mais espaçosos.
É por isso, inclusive, que opções como a Spacefox, da Volkswagen, ou a Toyota Fielder não emplacaram por aqui. Um detalhe: a Fielder era apenas um derivado do sedan Corolla, que segue vendendo muito bem. Ou seja, tinha custo de manutenção parecido e oferecia a vantagem de ter mais espaço, mas não emplacou.
Com esse comportamento do mercado, as montadoras acabaram priorizando os SUVs, para suprir essa ânsia de quem tem (e até de quem não tem) dinheiro para comprar um modelo acima de 100 mil reais. E ficamos “órfãos” de peruas ou bons hatches com porta-malas acima de 300 litros. Confira a capacidade dos hatches mais vendidos, atualmente, do mercado: o Hyundai HB20 e o Fiat Argo têm 300 litros e o Chevrolet Ônix tem 303. O que tem melhor desempenho, nesse quesito, é o Renault Sandero, que oferece 320 litros, mas ele não está entre os mais vendidos no segmento e a montadora anunciou o fim da produção a partir de 2023, alegando vendas fracas.
Por isso, é de se comemorar a chegada do novo Citroën C3, hatch que vai dar mais uma opção para quem busca um carro moderno e espaçoso e não quer ou não pode gastar rios de dinheiro com um SUV. Segundo a Citroën, o modelo tem bagageiro com 315 litros de volume, apenas cinco a menos que o Sandero, prestes a sair de linha no Brasil.
Um destaque importante, feito pela montadora, é que o modelo vai vir com várias tecnologias – outro quesito muito valorizado pelos consumidores brasileiros, que adoram ostentar a posse de um modelo que pareça mais próximo dos carros de luxo. Dentre os itens presentes no carro estão, por exemplo, painel 100% digital e sistema multimídia de 10,25 polegadas com Android Auto e Apple Carplay sem fio.
Em outro atributo no qual o consumidor brasileiro presta muita atenção, que é o design, a Citroën promete não desapontar. Uma das opções é a separação entre a carroceria e o teto em cores diferentes, com treze opções de customização disponíveis. No interior, o painel tem duas cores possíveis, cinza ou azul. Ao todo, considerando cores, acessórios, tipo de materiais e acabamentos, o novo Citroën C3 irá permitir mais de 150 combinações, de acordo com a montadora.
Montadora disponibilizou site para conhecer o Citroën C3
Sobre a motorização, a Citroën, no site que criou para dar informações sobre o novo modelo (www.citroen.com.br/veiculos-passeio/citroen-c3.html), limitou-se a dizer que ele “virá com motores de alta tecnologia para oferecer agilidade, economia e conforto”. Ou seja: na prática, não disse nada. Mas as especulações, na imprensa automotiva especializada, dão conta que o Citroën C3 terá uma opção 1.0, derivada da Fiat, e outra 1.6 vinda da Peugeot.
É sempre bom lembrar que Fiat, Peugeot e Citroën pertencem ao Grupo Stellantis, e compartilhamento de plataformas e motores são bastante comuns nesses casos de uma só empresa dona de várias montadoras. Para o novo Citroën C3 isso é um atrativo a mais, já que o uso de recursos de modelos já existentes no mercado pode trazer mais facilidade e menos custo de manutenção. A conferir.
E falando em tranquilidade e custo de manutenção, a Citroën tem um histórico errático de concessionárias e produção de modelos, o que traz certa insegurança para os consumidores. Por isso, um detalhe destacado pela montadora foi no atendimento pós-vendas.
“O novo Citroën C3 requer uma rede de concessionários à altura, por isso a Citroën prepara uma ofensiva inédita em sua rede, com uma abrangência de 80% do território nacional e um crescimento superior a 70% no número de concessionários em relação a 2019”, diz a empresa. A meta do grupo é chegar a 180 concessionários até o fim deste ano.
É importante dizer que o carro será fabricado no Brasil, ao invés de montado ou importado de países com os quais o Brasil tem acordos comerciais, como México ou os do Mercosul. Isso é um ponto positivo porque geralmente agrega uma rede de fabricantes locais de autopeças, agilizando o prazo de reposição e tornando os preços dos componentes mais acessíveis.
Por fim, falando de preços, o novo Citroën C3 já está à venda na Índia. E por lá, o modelo mais em conta sai pelo equivalente a 53 mil reais. Seria um sonho ter um hatch espaçoso por esse valor no Brasil, mas as especulações da imprensa especializada, até o fechamento de Auto Revista Ceará, davam conta de que o carro por aqui vai sair por algo entre R$ 66 mil e R$ 90 mil, dependendo da versão.
Para a nossa realidade, é um valor atraente, considerando que o minúsculo Renault Kwid, que oferece muito menos espaço que o C3, custa pouco mais de R$ 64 mil na versão de entrada. É torcer para o mercado brasileiro realmente contar com uma opção de hatch com boa relação custo-benefício e não ficar só na obsessão pelos SUVs.