Test-drive com um carro híbrido: andamos com o Toyota Prius pelas ruas de Fortaleza

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Enquanto o Brasil patina no programa do álcool combustível e na discussão setentista do “petróleo é nosso”, vários países do mundo, em especial os desenvolvidos, buscam através da tecnologia soluções para economizar energia. Na indústria automotiva, as montadoras investem em modelos elétricos ou híbridos e alguns governos dão estímulos através de redução tributária para incrementar o consumo.

Apesar dessa discussão ainda estar longe de nós, no Brasil, é importante ressaltar que temos opções de carros elétricos e híbridos, como mostramos em matéria recente. E seguindo no esforço de divulgar como funcionam essas tecnologias e como elas podem melhorar a vida dos motoristas e ajudar o meio ambiente, relatamos aqui uma experiência com o Toyota Prius, com uma unidade gentilmente cedida pela concessionária Newland.

Sucesso em todo o mundo desde 1997, quando foi lançado, o Prius é uma oportunidade de conhecer o que pode ser uma tendência da indústria automotiva para boa parte dos consumidores: um veículo de funcionamento interno complexo mas com tecnologias que permitem uma condução extremamente simples para o motorista e com gasto racional de energia.

Ele tem dois motores, um a gasolina e outro elétrico. Ambos podem trabalhar separadamente ou em conjunto, mas esse processo passa despercebido pelos ocupantes. Ao ligar o Prius (a operação se faz apertando um botão, ele não usa o sistema de ignição tradicional com giro de chave), o primeiro a funcionar é o motor elétrico. Por isso, não há vibração ou ruído. O sistema faz com que o carro use somente o motor elétrico durante o maior tempo possível. Se a carga da bateria chegar a um nível crítico ou a velocidade passar de 50 km/h, o motor a gasolina entra em ação.

Na cidade, onde rodamos com o carro, foi difícil ultrapassar essa velocidade no trânsito. Isso significa que o motor elétrico trabalhou bastante e poupou o propulsor a combustão. Como resultado, o consumo do carro confirmou os números oficiais da Toyota, que são 17 km por litro em trechos urbanos e 18,5 na estrada. Na medição instantânea do sistema, inclusive, ele chegou a registrar picos de 20 km por litro (veja vídeo abaixo. Os valores indicados no painel central devem ser colocados na divisão 100 km por litro).

 

 

Em relação à transmissão, o motor elétrico não tem marchas e o propulsor a combustão funciona com uma automática do tipo CVT. Para tornar esse processo simples para o motorista, o Prius funciona com uma minúscula alavanca do câmbio do tipo joystick. Diferentemente das transmissões automáticas, ele dispensa a colocação da alavanca na posição “P”, quando o carro para, ou “D” quando o motorista deseja o carro em movimento.

Cambio
Minúscula alavanca de câmbio do Prius

Entrou no veículo, é só dar a partida e indicar no joystick o que fazer (um leve toque para andar para a frente, outro para a marcha à ré). Para faze-lo se movimentar, é so apertar o acelerador ou o freio. Chegou ao destino, basta apertão o botão de desligar e sair do carro. Simples assim. Isso é o ideal para quem não tem o menor interesse no funcionamento de um veículo e quer que ele exija apenas o conhecimento básico (como ligar e desligar) e permita ser usado como qualquer outra máquina.

Na condução, o Prius permite quatro modos diferentes. No Normal, o sistema otimiza o uso dos dois motores de forma automática, alternando de acordo com as condições de dirigibilidade. No EV (Electric Vehicle), apenas o elétrico funciona. Ele tem limitações e o controle eletrônico informa o motorista. Caso você tente aciona-lo com a bateria sem carga ou em velocidade acima de 40 km/h, o painel emite um alerta de que a operação não é possível.

O modo ECO (Economy) pode ser usado para calibragem da resposta de aceleração, caso o motorista pressione agressivamente o pedal do acelerador e, ao mesmo tempo, serve para otimizar o controle do ar condicionado, visando mínimo consumo de combustível. Segundo a Toyota, ele pode ajudar o motorista a obter uma redução no consumo de combustível entre 8% e 20%.

O funcionamento desse modo se reflete bastante na dirigibilidade. Mesmo que o motorista pise forte, as saídas são sempre bastante suaves. Um detalhe importante é que a otimização do ar condicionado não prejudica o recurso a ponto de fazer sofrer motorista e passageiros no inclemente sol de Fortaleza. Mesmo ao meio-dia, é possível usar esse modo sem passar calor.

O modo PWR (Power), por fim, é o menos aconselhável para quem deseja economia, mas o mais indicado para mostrar a potência do motor a combustão. Nele, as respostas são rápidas e o carro mostra bastante agilidade. O modo Power oferece uma resposta máxima de aceleração até 25% superior, quando comparado com o modo Normal.

A alternância entre todos esses modos, vale ressaltar, é instantânea. O motorista pode, por exemplo, ligar o PWR apenas para fazer uma ultrapassagem e depois voltar ao ECO ou ao Normal. Tudo é feito com o simples toque de um botão no painel.

Comercializado em versão única com preço de R$ 117.610,00, o Prius, hoje é o híbrido mais em conta do mercado brasileiro. É um carro que tem valor próximo ao de versões top de linha do Golf (GTI) ou do Focus (Titanium Plus). Tomamos esses modelos como exemplos porque eles são hatches, assim como o veículo da Toyota, e para mostrar que, caso os consumidores brasileiros procurem uma opção com bastante tecnologia, muitos itens de conforto e segurança (veja lista abaixo) e gasto otimizado de combustível, ele deve ser considerado uma opção no segmento de hatches mais sofisticados.

O Prius e seus concorrentes híbridos poderiam (e deveriam, em nossa avaliação) ser mais acessíveis por aqui. Em vários países esse tipo de modelo já conta com incentivos generosos – além da isenção tributária, em alguns casos há até subsídio para estimular o consumo. Como dissemos, o Brasil ainda está parado em debates anacrônicos sobre suas “reservas estratégicas de petróleo”. O progresso que tivemos foi uma redução no imposto de importação, que antes era de 35% e passou para faixas que vão de 0% a 7% desde outubro do ano passado. Além disso, há experiências isoladas, como a da Prefeitura de São Paulo, que dá desconto de 50% no IPVA dos modelos e os isenta do rodízio na cidade.

Mas acreditamos que a busca por carros cada vez mais ecológicos chegará por aqui, com a demanda por incentivos mais consistentes. Enquanto isso não acontece, estamos fazendo nossa parte, divulgando um modelo que já é sucesso em várias partes do mundo onde ela já chegou.

 

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Ficha técnica do Prius

Motor a combustão
Modelo 1.8L VVT-i 16V DOHC
Combustível Gasolina
Potência (cv/rpm) 99 / 5.200
Torque (kgf.m/rpm) 14,5 / 4.000
Cilindrada (cm³) 1.798
Taxa de compressão 13,0 : 1
Alimentação Injeção Eletrônica (EFI)

Motor elétrico
Potência (cv) 82
Torque (kgf.m) 21,1 kgf.m
Potência combinada (combustão + elétrico) 134 cv

Transmissão
Continuamente variável (Continuously Variable Transmission – CVT)

Direção
Eletroassistida progressiva (EPS)

Freios
Dianteiros Discos ventilados
Traseiros Discos sólidos
Recursos ABS c/ EBD

Rodas
Liga leve R15

Dimensões
Capacidade do tanque (l) 45
Comprimento (mm) 4.480
Largura (mm) 1.745
Altura (mm) 1.510
Distância entre eixos (mm) 2.700
Capacidade do porta-malas (l) 445
Vão livre mí­nimo do solo (mm) 130
Peso em ordem de marcha (kg) 1.415

 

Recursos de conforto/tecnologia/segurança

– Sete air bags: dois frontais, dois laterais dianteiros, dois tipo cortina e um de joelho (motorista)
– Alarme com controle remoto
– Apoios de cabeça traseiros com regulagem de altura (3)
– Barras de proteção nas portas
– Chave com comandos integrados (trava das portas, abertura do porta-malas e alarme)
– Faróis de neblina
– Farol baixo com regulagem manual de altura
– Freio a disco nas quatro rodas com ABS e EBD
– Imobilizador por código eletrônico na chave
– Luz auxiliar de freio (brake light)
– Trava de segurança nas portas traseiras
– Travas elétricas com acionamento à distância
– Controle eletrônico de tração (TRC)
– Controle eletrônico de estabilidade (VSC)
– Ar condicionado digital elétrico
– Aviso sonoro de faróis ligados
– Acabamento dos bancos  com partes de couro e partes de material sintético
– Revestimento do volante em couro
– Banco do motorista com regulagem de altura e lombar (elétrica)
– Banco traseiro bipartido / rebatível (60:40)
– Banco traseiro com descansa-braço central e porta copos
– Coluna de direção com regulagem de altura e profundidade
– Comando interno de abertura da tampa do tanque de combustível
– Comando interno de abertura do porta-malas
– Computador de bordo (relógio, consumo instantâneo, consumo médio, autonomia e velocidade média, temperatura externa), além de uma demonstração gráfica da fonte instantânea de locomoção do veículo (motor, bateria ou ambos)
– Descansa-braços dianteiro deslizante com dois compartimentos
– Desembaçador do vidro traseiro
– Limpador do para-brisas com sensor de chuva
– Piloto automático (controle de velocidade)
– Porta revistas nos bancos dianteiros
– Porta-objetos no painel central/console com porta-copos e porta-objetos com dois compartimentos/porta-objetos portas dianteiras
– Porta-objeto na lateral do painel e porta-objetos nas portas traseiras
– Câmera de ré na tela de LCD
– Rádio com CD player, MP3 e WMA (Windows Media Audio)
– Entrada auxiliar MP3 e WMA (Windows Media Audio)
– Entrada auxiliar USB
– Bluetooth
– Retrovisores externos elétricos
– Retrovisores externos com indicador de direção
– Retrovisores externos retráteis com aquecimento
– Retrovisor interno antiofuscante manual
– Travas e vidros elétricos
– Vidros elétricos das quatro portas com sistema antiesmagamento e acionamento por um toque
– Volante com controle de áudio e computador de bordo
– Alavanca de câmbio estilo “joystick”
– Projeção do velocímetro no vidro dianteiro (Head-Up Display)
– Display em 3D no painel de instrumentos
– Botão “Push-Start” para ligar o veículo
– Abertura manual da porta do motorista apenas detectando a proximidade da chave (Smart Entry)
– Fechamento do veículo com sensor do dedo na maçaneta do motorista
– Volante de quatro raios

 

 

 

 

 

 

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