Um dos maiores dilemas da Humanidade com a evolução tecnológica, hoje, é como vai se dar a interação harmoniosa entre as pessoas e a Inteligência Artificial nas diversas atividades cotidianas. É uma questão ainda em aberto que fascina alguns, amedronta outros, mas que precisamos encarar como uma realidade que se impõe. E no automobilismo não é diferente: já vemos carros rodando sem motorista em algumas situações.
No Brasil, que tem uma defasagem considerável em relação a países como China, Estados Unidos e vários da Europa, estamos começando a conhecer alguns recursos desse universo, no qual o carro não é 100% autônomo, mas consegue ajudar o motorista a guiar e garante principalmente mais segurança. Um exemplo é o sedan compacto Virtus, da Volkswagen, que tivemos oportunidade de guiar por alguns dias.
A versão fornecida pela montadora, Highline, vem equipada com dois equipamentos que, particularmente, fizeram a diferença no test-drive. Trata-se do “ACC” (Adaptive Cruise Control, ou Controle adaptativo de velocidade e distância) e o “AEB” (Autonomous Emergency Braking, ou Frenagem autônoma de emergência).
O primeiro funciona com um comando no volante onde o condutor define a velocidade constante que ele deseja para o carro. Supondo que o limite da via é 60 km por hora, o veículo passa a ter essa velocidade como referência e o motorista pode soltar o pedal do acelerador. Mas a melhor parte é que sensores acompanham o veículo que está à frente. Se ele reduzir a velocidade ou até parar, o sistema protege o Virtus de uma batida, mantendo uma distância segura.
Já o AEB é ainda mais “invasivo”, vamos dizer assim, na condução do motorista. Ele atua como uma espécie de alerta constante, caso uma ameaça de impacto com a frente do carro seja detectada. Isso pode ser um veículo ou até algum pedestre desavisado que tente atravessar a rua. Se o risco for detectado, o sistema para o carro imediatamente, sem qualquer intervenção do motorista.
Segurança ativa no Virtus foi o grande destaque
Testamos à exaustão esses recursos durante os dias de condução do Virtus. Inclusive evitando o atropelamento de um pedestre distraído que se jogou sem querer na frente do carro e em longos e movimentados trechos de BR, em que a velocidade alternava entre 60 km por hora e quase 20, em alguns trechos. Até na alça de um viaduto entramos como o ACC ligado, e o resultado foi muito satisfatório. Para alguns isso pode parecer pouco, mas se imagine dirigindo o carro cansado, em uma noite chuvosa e de pouca luminosidade. Além disso, é um descanso a mais na rotina de quem passa horas no trânsito todo dia, como este repórter.
Esses recursos, vale ressaltar, não são novos. A Volkswagen já os usa em outros modelos. O que vemos como positivo é eles estarem presentes tanto na versão Highline, que guiamos, quanto na anterior, a Comfortline, de um sedan compacto como o Virtus. Primeiro porque esse segmento, no Brasil, está cada vez mais restrito (até falamos do que tem acontecido com os sedans de forma geral, em matéria sobre o Nissan Sentra).
Dentre os mais vendidos, o Toyota Yaris saiu de linha no fim do ano passado e o Nissan Versa terá o mesmo destino esse ano. Só sobraram nesse segmento, portanto, o Virtus, o Chevrolet Ônix Plus, o Fiat Cronos, o Hyundai HB20S e o Honda City.
De todos eles, além do Virtus só o City tem o ACC e o AEB combinados (o HB20S tem só o AEB). Portanto, ainda é um recurso raro em se tratando de modelos com preço, digamos, mais “acessível”, ali na faixa dos R$ 140 mil. Pode parecer um patamar alto, mas é preciso lembrar que os modelos mais “baratos” do mercado brasileiro, os ultracompactos Renault Kwid e Fiat Mobi, estão na casa dos R$ 80 mil. Em tempo: o Virtus que guiamos está com o valor de R$ 154.640,00 no site da Volkswagen, já com a pintura metálica incluída.
Falando de outros aspectos do carro, destaque para o silêncio interno, o bom desempenho do motor turbo com 128 cavalos de potência (e o torque impressionante quando o motorista pisa forte no acelerador e o turbo é acionado) e o porta-malas generoso de 521 litros.
Nesse último quesito, ele só perde em tamanho para o do Fiat Cronos. Já em relação a tecnologias de conforto e entretenimento, o sistema multimídia conta com uma tela de 10,1 polegadas que se mostrou boa para o toque e é muito elegante, principalmente à noite, o ar condicionado é totalmente digital (incluindo o controle de intensidade do jato de ar) e o painel é uma bonita tela de LED com muitas informações disponíveis sobre o carro, a viagem, o consumo e até as revisões.
Em resumo, o Virtus, para quem gosta de sedãs, é uma boa opção e seu custo-benefício, em relação aos concorrentes, merece ser considerado na hora de uma compra. E fica a torcida para que os recursos de segurança ativa, destacados nesta matéria, se tornem cada vez mais populares e acessíveis para modelos de entrada. Nossa saúde mental e o trânsito brasileiro só têm a ganhar com isso.