Desempregada sobrevive oferecendo taxi só para mulheres em Fortaleza

Taxi

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Desempregada desde fevereiro, F. (a pedido da entrevistada, não iremos revelar seu nome) decidiu usar a experiência como taxista para oferecer um serviço exclusivo com seu carro particular: um taxi só para mulheres que se sentem inseguras quando atendidas por um homem. A medida foi tomada sem o carro estar regularizado como um veículo de transporte de pessoas em nome da necessidade extrema: viúva e responsável pelo sustento de dois filhos – um deles com problema de saúde e a mãe, ela viu no serviço uma alternativa para garantir a renda mensal.

Desde então, F. tem registrado uma demanda crescente acompanhada por muitos depoimentos de mulheres que colecionam histórias de assédio e medo dos motoristas homens. “Muitas comentam comigo, que bom que você oferece essse serviço”, diz. Nos relatos, o mais comum é o elogio fora de hora dos taxistas. “Elas ouvem muito que são bonitas e ficam constrangidas, porque muitas vezes não querem ouvir isso dentro de um taxi”, ressalta F.

Com uma média de seis corridas por dia, F. só aceita receber mulheres em seu carro, em caso de clientes desconhecidos. “Homem, só se vier com uma mulher que eu já tenha atendido antes ou saiba quem é”, garante. Como se sente mais segura com o procedimento, aceita corridas em qualquer hora, qualquer dia e vai para todos os bairros da cidade, inclusive os mais perigosos. “Já atendi uma senhora de madrugada. É só chamar que eu vou”, afirma.

À espera de regulamentação do taxi

Sem poder divulgar o serviço em sua página pessoal, ela conta com a propaganda boca-a-boca das clientes e do empenho da filha de 12 anos, que aproveita a habilidade com redes sociais para oferecer o serviço. E segue na esperança por mais vagas de taxistas em Fortaleza. “Tem muita gente desempregada precisando. E olhe, não falta corrida pra ninguém”, assegura. Além disso, F. destaca que mesmo cobrando mais barato que os taxistas tradicionais, está conseguindo sobreviver. “Já teve mês em que eu paguei 3 mil reais de conta em casa, com a renda do serviço”, lembra.

F. agora torce para que sejam liberadas mais vagas de taxistas e ela consiga uma concessão para poder atuar regulamentada. E descarta o Uber como opção. “O Uber só é bom para quem trabalha 24 horas por dia, porque a tarifa é muito baixa”, explica ela, lembrando que precisa estar presente em casa para cuidar dos filhos e da mãe. “Minha vida é uma batalha, amigo, dava um livro”, desabafa.

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